Eu já passei por um processo de demissão em massa alguns anos atrás. Foi assim: na tarde de certa terça-feira, o SICREDI cancelou os acessos de aproximadamente 250 profissionais.
Poucas horas antes, haviam enviado uma lista dos nomes que teriam seus acessos cortados simultaneamente sem deixar tempo hábil para que todos os profissionais fossem avisados com antecedência.
Então, para muitos que estavam trabalhando normalmente, o acesso aos sistemas simplesmente parou de funcionar.
Com esta situação, muitas foram as reações: alguns entenderam rapidamente o que estava acontecendo, alguns seguiram tentando acessar o sistema por horas, houve quem voltasse ao trabalho no dia seguinte como se nada tivesse acontecido. Eu vi pessoas revoltadas, algumas chorando e outras aliviadas (já estavam pensando em sair do projeto mesmo).
O que eu aprendi com isso e reporto aqui é para que os inevitáveis layoffs não representem apenas angústia para os envolvidos, mas que sejam vistos como uma oportunidade de aprendizado.
Entendendo o fenômeno dos layoffs
Com a alta dos juros e a economia em um ritmo de desaceleração, naturalmente os altos investimentos em startups estão diminuindo. Com isso, as empresas que ainda não chegaram ao nível de SCALE UP estão propensas a sofrer mais.
Como consequência, há a necessidade de fazer o layoff. Em bom português, as empresas que não são autossustentáveis durante um período de crise econômica, precisam demitir pessoas.
O layoff chegou, ninguém queria isso, mas é preciso desligar muitas pessoas. E agora?
Assim como você fez para contratar cada pessoa para trabalhar na sua empresa, uma conversa individual se faz necessária. Não é apenas para explicar para todos a mesma coisa (o motivo pelo qual estão sendo desligados), mas para ouvir o que as pessoas têm a dizer sobre a empresa, sobre o seu momento e seja lá o que cada um quiser falar durante seu desligamento.
Mais importante do que a empresa falar, é ouvir. Certamente virá muito conhecimento sobre a cultura REAL da empresa, sobre pontos de melhoria, sobre situações que o gestor nunca imaginou que acontecessem e o principal, nesses momentos de dificuldade, quando bem conduzidos, se cria uma conexão com os colaboradores que poucos esquecem.
O que aprendemos com os layoffs?
Nas redes sociais e nos processos de seleção se fala tanto em PESSOAS. Então por que não fazer um processo humanizado no desligamento em massa? Se a empresa pensa em voltar a contratar futuramente e/ou o gestor pensa em ter um networking que o favoreça profissionalmente, seja cuidadoso com as pessoas nos momentos que elas mais precisam.
O fenômeno de várias listas de layoffs nas redes sociais gera ansiedade no mercado. Ver 3, 4 layoffs por semana em empresas de marca reconhecida, faz qualquer um pensar “se acontece naquela grande empresa, quando vai acontecer na minha?”. E sob esta perspectiva, eu encerro com a seguinte pergunta:
Quando você vai trocar de emprego, você questiona o entrevistador se a empresa é auto sustentável?
Autor: André Streppel