Ele tem 70 anos, fala sobre a melhora na educação, a importância da diversidade e traz dicas para quem está com dificuldade de se recolocar em função da idade.
Já conhecem o Xiko Lopes?
70 anos de idade e desenvolvendo software diariamente servindo de exemplo para os programadores mais novos da sua equipe, mas principalmente para as empresas que insistem em barrar PROFISSIONAIS acima de 40 (QUARENTA!!!) anos de idade.
Fizemos algumas perguntas para o Xiko compartilhar a sua visão conosco.
Mas antes das respostas dele, temos um pouco da sua história:
Começou meio sem querer na área. Surgiu um curso de programador na empresa onde seu pai trabalhava. Era 1972, a linguagem era Assembler e o computador ocupava meio prédio. Entrada de dados via cartões perfurados ou fita de papel, processamento em fitas magnéticas e saídas normalmente em impressoras com mais barulho do que o trânsito no centro de Porto Alegre. Depois, Cobol e a mudança para o Grupo Olvebra e Petropar, onde teve a oportunidade de evoluir com cursos técnicos locais e externos. Em 92, nova mudança: RGM do Brasil, na área hospitalar com os micros chegando e uma nova linguagem, Dataflex.
Em 2008, quase completando os 62 anos de idade, a aposentadoria chegou ao mesmo tempo em que recebeu o convite para permanecer na função de programação e análise. Ali a linguagem era o Fox Pro, na ferramenta Genexus e o banco PostgreSQL. Atualmente está na Salux trabalhando com Power Builder e Oracle. No período mais recente, percebe admiração em relação a sua idade apenas nas comemorações de aniversário.
Vamos ao bate papo:
Quais as diferenças tu percebe entre você e um profissional na faixa dos 20 anos de idade quando ele ingressa na mesma empresa que você?
Durante o tempo em que trabalhei no Grupo Olvebra e Petropar, uma das minhas funções era o treinamento e adaptação de estagiários. Nessa época, nos meus 40 anos, minha participação em suas atividades e reações era bastante próxima e eu podia perceber na maioria dos casos, uma grande vontade de compartilhar. Eles com as novidades tecnológicas ainda saindo das universidades e eu tentando guiá-los, organizando suas ideias, procurando as melhores oportunidades para as suas aplicações.
Hoje, percebo que tanto estagiários quanto efetivos, na faixa de 20 anos, estão melhor preparados para o trabalho. Acredito que os cursos universitários melhoraram o foco, gerando melhores profissionais.
Quanto às diferenças de idade, provavelmente minha experiência seja um balizador, que procuro mesclar com os novos conhecimentos.
Se você saísse da sua empresa hoje, onde programa diariamente, acha que teria dificuldade de se recolocar no mercado? Por quê?
Acho que sim, pois conheço pessoas na faixa dos 40 anos com dificuldades de recolocação.
Você contrataria um programador de 70 anos de idade para trabalhar contigo?
Sem dúvida. Eu vejo a idade como um benefício, especialmente se o time é composto por pessoas de faixas etárias diferentes, de culturas diferentes, de gêneros diferentes. Em um time bastante misto, quem se beneficia mais é o cliente.
Que dica daria para o pessoal que está na faixa dos 40-50 anos e percebe dificuldade para recolocar em função da idade?
Pode parecer auto ajuda, mas é a realidade:
1. Não pare de estudar;
2. Boa apresentação (pessoal e discurso);
3. Conhecimento prévio da empresa onde pretende a vaga;
4. Foco e confiança no trabalho.
Quando você pensa em parar?
Não penso em parar ainda. Tenho total apoio da família para continuar.
Este foi um pouco do bate papo que tivemos com o Xiko e a reflexão que queremos deixar para os gestores e líderes é: A idade é realmente um fator decisivo num momento de contratação?
Cada vez mais notamos a escassez de profissionais qualificados na área, porque não dar oportunidade para pessoas que já possuem uma grande bagagem técnica? Esta pode ser a solução que falta para a vaga que têm aberta em seu time seja preenchida ;D