Artigo escrito por Crismeri Delfino Corrêa, Diretora da POSSIBILITÀ | Presidente da ABRH-RS | Conselheira Deliberativa ABRH-BRASIL | Professora de MBA
No cenário que estamos vivendo, muito falávamos de transformação digital, e essa mudança já pautava todas as tendências e evidência da necessidade de atualização e reorganização para a educação, varejo, indústria e para o mundo corporativo.
Logo diante da pandemia, ficou evidente que essa transformação invadiu as nossas vidas, precisando utilizar a skill mais essencial atualmente – adaptabilidade – e assim, nos adaptamos ao digital, transformando nossa maneira de comprar, de estudar, trabalhar, liderar e se relacionar.
Os líderes precisaram gerenciar suas equipes a distância, tivemos que confiar em comprar por app, encontrarmos nossos formatos de fazer capacitação e sem dúvida , nossas relações, mesmo em isolamento, precisou encontrar brechas para demonstrar carinho , solidariedade e compaixão. Tudo isso, trouxe ansiedade e muito aprendizado, sinalizando um mercado em desenvolvimento com novas modalidades para conhecer seu cliente e atendê-lo no seu encantamento.
O maior desafio, hoje, é ter no digital a credibilidade da marca e o engajamento do seu público. E é nesse ambiente que habita o novo formato de interação – a Facilitação Digital!
Facilitação Digital é uma combinação entre espaço e pessoas.
- Digital = espaço on-line que as pessoas estão conectadas direta ou remotamente a um computador.
- Facilitação = método de auxiliar grupos no seu funcionamento.
Portanto, Facilitação Digital é um espaço on-line que reúne pessoas para um aprendizado ou execução de uma tarefa de forma colaborativa, podendo utilizar ferramentas de metodologias ágeis e trabalhando a dinâmica do grupo.
Ser um Facilitador Digital é trabalhar atentamente a distância, é lidar com a mudança do que era e do que é, é ter as pessoas interessadas no que você está propondo e agregar valor. Para isso, precisamos desenvolver o descongelamento do passado para dar oportunidade do congelamento do novo, lidar com as resistências e fazer desse espaço um lugar aconchegante e interessante para produzir resultados.
Quando a intervenção é assíncrona, ou seja, utilização de uma plataforma com existência de conteúdo sem interação com o público, o manejo com o grupo é inexistente. Já a facilitação digital quando ocorre na modalidade síncrona, que é, quando o facilitador e seu público estão presentes usando uma plataforma on-line, exige capacitação de leitura de processo grupal, ler as entrelinhas do comportamento do grupo, atuar nas diversas variáveis que aparecem na tela e utilizar intervenções para ajudar os grupos a resolverem problemas com as tarefas.
Com isso, o facilitador digital precisa estar preparado para esse cenário, não apenas sendo um conhecedor de ferramentas on-line, metodologia ágeis para o digital, mas essencialmente para trabalhar com grupos.
Na posição síncrona, quanto mais o facilitador trabalhar o processo grupal, mais facilmente contribuirá com as pessoas para o objetivo que está ancorado naquela situação.
As skills necessárias para os líderes no papel de facilitador digital são:
- Visão sistêmica, inteligência digital, flexibilidade, agilidade e planejamento.
E como fica a comunicação, no formato digital?
Para trabalhar a comunicação saudável do seu time, precisa fomentar a intimidade para trocas, criar aderência aos desafios com entusiasmo, acreditar no potencial da equipe, estimular a confiança e desenvolver de um ambiente amistoso e produtivo.
Na comunicação digital a fala é organizada, quando um fala o outro escuta, muito difícil ter falas concomitantes, o facilitador tem que refinar sua escuta e sua percepção.
O mesmo, tem o poder de “mutar” as pessoas, o famoso “cala a boca”, ainda pode, inclusive, remover o participante do grupo, quando o mesmo está atrapalhando o funcionamento do time.
As entrelinhas do Digital:
O poder está instalado no digital, mesmo que na tela todos ocupam tamanhos iguais nos quadrados que aparecem, estão presentes os elementos de poder que se destacam de forma diferente no presencial, como por exemplo: tamanho de sala, espalda da cadeira e lugar na mesa de reuniões.
Ainda a troca de olhares no digital é inexistente, na medida que as pessoas estão olhando para você , você não identifica esse olhar. Para as pessoas perceberem que você está olhando, a única alternativa e você fixar o olhar na câmera, fato que mostra que jamais cruzarão olhares no digital… o cruzamento de olhares é uma comunicação silenciosa e cheia de significados dentro de um grupo, o que causa muito barulho – basta lembrarmos dos olhares apaixonados dos namorados.
O tempo tem um tom diferente no on-line, tudo parece mais objetivo e cada minuto parece longo no digital, sendo extremamente necessário que o tempo seja bem aproveitado, pois caso contrário é uma chave para a distração, afetando o engajamento.
O digital mostra apenas a imagem do que você quer que apareça, naquele quadradinho que você está exposto, o que permite que você esteja mais a vontade com vestimentas, mas não isenta de você se fazer presente no espaço que esta ocupando na tela. Aqui, refiro-me a postura física e na aparência na tela. Posicione-se centralizado, como boa iluminação e use roupas coloridas com adornos que possam chamar a atenção.
As conversas paralelas também se fazem presentes no digital, muitas vezes, inclusive as conversas são com pessoas presentes naquele grupo, ou seja, temos agendas ocultas ocorrendo, trazendo desconfiança e dando lugar para a falta de transparência! É um dos desafios da liderança.
Também é necessário no on-line criar um ambiente leve e descontraído, assim pode oportunizar a aproximação, sanando o sensação do distanciamento. É importante que o líder use o humor e possibilite a participação distribuída, criando espaço para momentos informais e de celebração.
A autonomia se tornou ainda mais importante neste cenário digital
Contudo, o digital, faz o líder valorizar a autonomia, estabelecendo laços de confiança, estimulando uma comunicação mais aberta e atual, fortalecendo trabalhos de projetos, facilitando a visão geral do trabalho , bem como a responsabilidade e importância do seu papel.
Momento ímpar para o líder conhecer a casa dos componentes da sua equipe, “entrando” no ambiente familiar, conhecendo como organiza sua vida, sua família, seu colaborador em todos seus papéis.
Não há dúvida que tivemos muitos ganhos no digital, como tempo com o deslocamento, economia financeira, aprendizado de novos formatos de atuação, espaços diferenciados na organização, até mesmo o surgimento de novas lideranças, portanto, vamos usar a oportunidade para co-criar, ter tempo para nossa família, explorar a nossa qualidade de vida e aproveitar as mudanças dos avanços que a tecnologia nos oportunizou.