Profissionais +50: quem usa o tempo e a experiência a seu favor

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No dia 01 de outubro é comemorado o Dia Internacional da Terceira Idade, no entanto, não é novidade para ninguém que o preconceito etário já se inicia antes mesmo da terceira idade chegar.

De acordo com uma pesquisa recente realizada pelo IBGE, cerca de 25% da população brasileira, o que equivale a 55 milhões de pessoas, possui 50 anos ou mais. Logo, já é uma realidade que a nossa população está com uma longevidade cada vez maior.

Esse cenário apenas comprova o quanto esse assunto deve ser discutido e adotado pelas empresas, pois hoje a realidade é um pouco diferente. Muitas empresas alimentam o discurso do quão importante é o tema, mas acaba pecando em realizar ações concretas dentro das organizações para abraçar esse público.

Em uma pesquisa realizada pela plataforma de vagas Infojobs, envolvendo profissionais da Geração X (nascidos entre 1960 até 1979), Geração Y (nascidos entre 1980 e 1989) e Geração Z (nascidos entre 1990 e 2010), o preconceito etário ocorre principalmente com os profissionais da geração X, justamente o pessoal 50+.

Totalizou-se em 55% dos entrevistados que já sofreram preconceitos devido à idade, englobando diversos estereótipos como: falta de profissionalismo, resistências com a tecnologia, dificuldades para interagir com colegas de equipe, dentre outros. 

Pensando em desmistificar esses estereótipos, o Comitê de Diversidade e Inclusão da WK JobHub convidou dois de nossos parceiros e um dos nossos colaboradores para falar um pouco de como é ser um profissional com mais de 50 anos.

Começando pelo Alexandre Pereira, colaborador da WK há mais de 2 anos, trabalhando com Desenvolvedor SQL alocado em um dos nossos maiores clientes, a KPMG, diz o seguinte:

 

“Muito se fala sobre diversidade e inclusão no mercado de trabalho. No entanto, a inclusão de pessoas com 50 anos ou mais ainda é um preconceito a ser quebrado, e as empresas devem, cada vez mais, se preparar para receber esses profissionais.

Tenho o prazer de fazer parte dessa história de uma forma positiva, pois a WK é afirmativa nesse tópico, assim como em diversos outros.

A contribuição de uma pessoa não acaba após seus 50 anos, e sua experiência é ainda mais sólida, capacitada e abrangente, indo além das hards skills, podendo muitas vezes servir de orientadores e conselheiros, pelas experiências adquiridas ao longo dos anos profissionais.

Acredito que as empresas que desejam ter um time ainda mais diverso e coeso, devem contratar e incluir pessoas com 50 anos ou mais, pois criarão uma cultura plural e sem preconceitos.

Sobre as inovações tecnológicas, temos sempre que buscar capacitação, independente de termos 20, 30 ou 50 anos, pois isso nos levará ao próximo estágio profissional, com segurança e inovação.”

 

Convidamos também o Ivan Garcia, ele faz parte do time de Sustentação da empresa Gente Seguradora, tem 59 anos, e uma carreira profissional consolidada. Compartilhou conosco o seguinte:

 

“Comecei a trabalhar tarde, com 19 anos, em janeiro de 1984 em uma grande Corretora de Seguros em Santo Amaro/SP. Cursei Matemática na Faculdade Tereza Martin, e sempre tive que enfrentar muito trânsito para ir ao trabalho, estudar, e retornar para casa. Era difícil, mas nunca impossível.

Hoje, graças à tecnologia, temos muitas facilidades que nos ajudam a desenvolver nossa profissão de forma mais agradável e pontual. Nossos horários podem ser mais otimizados e ganhamos mais tempo livre para socializar.

Eu tive o privilégio de ter uma carreira bem sólida, onde adquiri muito conhecimento em processos, e julgo que hoje o que me diferencia de um jovem em início de carreira seja exatamente essa facilidade em identificar possíveis problemas em um desenvolvimento ligado à uma deficiência no levantamento dos processos.

Os jovens de hoje saem das faculdades tecnicamente muito mais preparados que eu, conhecendo sempre linguagens de codificação cada vez mais novas e atualizadas, porém, acham que com isso eles possuem completo domínio da tarefa proposta por seus empregadores.

Acho que essa equação não fecha, e a experiência tem mostrado isso deixando cada vez mais evidente para grandes empregadores a necessidade de terem um ou mais Sêniores na equipe, não obrigatoriamente como líderes ou gestores, mas como mentores para os mais preparados tecnicamente em uma linguagem de programação por exemplo, mas sem o “tato” para lidar com pessoas (clientes) e procurar entendê-las nos seus problemas e expectativas.

Acredito que a figura de um profissional com essa idade e experiência seja um ponto de fusão mais consistente entre o cliente final e os desenvolvedores.”

 

E por fim, mas não menos importante, também temos a nossa convidada Katia Benini, trabalha como CEO na ATAR B2B. Seu depoimento foi singelo, mas demonstra exatamente o que é ter profissionais de mais de 50 anos na sua empresa, na sua equipe e no seu projeto:

 

“A maturidade proporciona de forma efetiva e assertiva, o compartilhamento e a aplicabilidade de conhecimentos e experiências, adquiridos ao longo da vida, “peneirando” e “pontuando” a vivência em situações diversas”.

 

Entendemos que essa pauta é pouco abordada, mas é curioso que muitos líderes possuam preconceito em relação a colaboradores 50+, sendo que eles também se encontram nessa faixa etária, como afirma a Raquel Thomazi, gerente de People Advisory Services da EY Brasil. Destaca-se assim, a necessidade das lideranças enxergarem esses profissionais não como um fardo, mas como uma oportunidade estratégica. 

Só é possível identificar o potencial de um profissional, dando a devida oportunidade para que ele coloque em prática o seu conhecimento.

Autora:Eduarda Bittencourt